Por que escolhi o jornalismo

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Estou a poucos posts do final do blog e já estou ficando nostálgica. Após uma overdose de comunicação, teorias, vida online, parei para pensar: jornalismo, mas, por quê?

Lembrei-me de um texto que produzi para um processo seletivo de trainee da Editora Abril com o tema "Quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão". O texto ficou bem colocado e fui selecionada para a entrevista final. Bom, tá certo, não passei, mas pudera: entrevista feita em inglês por Diogo Schelp não é fácil!

Segue ele abaixo, na íntegra:
(ao lado, eu em meu primeiro dia na faculdade)

"Quando eu tinha sete anos, meu pai resolveu comprar uma filmadora semi profissional de um vizinho. A câmera, que custou na época por volta de cinquenta cruzeiros, serviu durante muito tempo para gravar aniversários, viagens, e momentos que até hoje estão guardados em cerca de dez fitas VHS quase mofas.

Uma das minhas maiores diversões era gravar telejornais. Com certa criatividade, que acredito ser hereditár
ia, eu fingia ser repórter e entrevistava a família inteira. Na época, eu fazia o papel de pauteira, repórter, editora e âncora de um mesmo noticiário. Meu pai acredita ter sido esse o momento em que descobri o que queria ser quando crescesse. Talvez ele tenha se arrependido de ter comprado a câmera, já que sempre insistiu para que eu prestasse direito, ou engenharia, ou farmácia, ou biologia. Tudo, menos jornalismo.

Tarde demais: a facilidade de me relacionar com as pessoas, a curiosidade que me faz parecer chata e questionar até o último porque, e a vontade de saber mais sobre mais coisas são características que me acompanham desde sempre.

Com menos de dez anos, já possuía um curriculum de dar inveja a muitos profissionais da área: havia criado três telejornais em apenas alguns meses. Percebendo que, provavelmente, devido a minha facilidade de comunicação eu seguiria a área de humanas, minha família começou a incentivar o hábito da leitura. Comecei com a coleção de Monteiro Lobato, passando por Machado de Assis, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade até chegar em Tom Wolfe, Charles Buckowsky e Franz Kafka.

Mas neste momento já estou na faculdade. Então, vamos voltar a fita.

Falar de nós mesmos e por que fizemos determinadas escolhas não é algo fácil. Hoje eu diria que sou um acúmulo de experiências e conhecimentos adquiridos ao longo dos anos. Se sou tal amontoado de informações, certamente muitas destas foram propiciadas pelo curso que escolhi. O jornalismo me encanta por uma série de fatores.

Para começar, acredito realmente que a carreira tem como uma de suas principais funções o papel de serviço de utilidade pública. Somos a principal ferramenta pertencente ao meio pelo qual as pessoas se informam e fazem reivindicações. Não é à toa que a seção de perguntas e cartas aos leitores é tão procurada. O leitor quer ter voz, quer participar e, principalmente, quer saber.

Eu gosto do mundo novo que o jornalismo me ofereceu, e não consigo pensar em outra profissão que me forneça uma visão tão geral das coisas. A necessidade da constante atualização de conhecimentos faz com que eu insista na incansável busca de aprendizado. Confuso? Apenas quis dizer que o jornalista deve estar sempre atualizado. Ponto. É, aprendi também que escrever é a arte de cortar palavras (viva Drummond!).

Contar por que escolhi jornalismo é narrar um pouco de quem sou eu. Meu nome é Adriana, tenho 22 anos, nascida em São Paulo, capital. Sou chocólatra desde criança, apaixonada por viagens, literatura, cinema e música. Adoro conhecer bandas novas e discutir que elas não são tão novas assim, sendo provavelmente releituras de outras mais antigas. Sou repetitiva, falo demais e minha mãe diz que sou teimosa. Talvez esse seja meu maior defeito. Qualidades? Algumas. Dentre elas persistência e perfeccionismo.

Neste momento estou enrolada com o fim do meu curso e de um namoro. Minha monografia está caminhando, e em breve se consolidará em um livro reportagem de fato. Sou uma jornalista jovem, interessada em trabalhar na mídia impressa (apesar de meus primórdios televisivos), por gostar de brincar com as palavras.

Como todo texto deve ter começo, meio e fim, concluo esse dizendo que liguei para meu pai e ele me disse que tem orgulho da profissão que escolhi. Quando optei pela carreira de jornalismo, não sabia muito bem o porquê. Apenas senti – e tremi na hora de assinalar minha opção no vestibular. Mas acho que não seria piegas ao afirmar que hoje não saberia fazer outra coisa. E esse é apenas o começo."

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